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Maestro Estevam Moura: a vida como um romance de amor e aventura

Nasceu e viveu para a música e o amor. Como nos antigos romances, fugiu com a donzela, casou-se e com ela viveu feliz, apesar das dificuldades fina...

08/01/2025 10h56
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Por: Redação Fonte: Prefeitura de Feira de Santana - BA

Nasceu e viveu para a música e o amor. Como nos antigos romances, fugiu com a donzela, casou-se e com ela viveu feliz, apesar das dificuldades financeiras. Faleceu jovem, mas cumpriu sua missão com o reconhecimento pela qualidade da sua obra musical.

Regente da Filarmônica 25 de Março e professor de música do extinto Colégio Santanópolis nesta cidade, o maestro Estevam Moura (Estevam Pedreira de Moura) figura na galeria dos expoentes da música baiana como maestro e compositor, com obras que até hoje são referências para as filarmônicas e bandas musicais do estado e até fora dele. Sem ser natural de Feira de Santana, foi aqui que ele obteve reconhecimento, viveu sua grande fase e faleceu ainda jovem.

Estevam Moura nasceu na antiga vila de Santo Estevam (hoje município) no dia 3 de agosto de 1907. Um garoto moreno, magro, esguio, de aparência triste. Filho de pai negro, neto de escravos e mãe branca de olhos azuis, chamava atenção pelo comportamento tranquilo e o interesse que demonstrava pela música. Aos seis anos de idade, enquanto seus amigos exercitavam as brincadeiras convencionais da época – bola de gude, cavalo de pau, badogue – ele fabricava flautas com pedaços de bambu e taguara, e tocava de forma simples, sem jamais ter sido orientado, demonstrando talento nato para a música.

Uma ocarina, espécie de flauta de barro que era comum no interior do Nordeste brasileiro e cuja sonoridade assemelha-se ao de uma flauta, foi o primeiro instrumento verdadeiro que o menino teve em suas mãos aos sete anos de idade, quando ingressou na escola primária, como se dizia na época. O interesse do garoto pela música era tão evidente que a professora Francisca Simões levou-o para a Filarmônica 26 de Dezembro, que estava sendo formada e arregimentando músicos. Interessante é que Estevam Moura viria a ser regente dessa organização musical.

Ainda menor de idade, compôs o dobrado Alicio Cerqueira, sua primeira obra. Aos 18 anos de idade, Estevam foi morar no distrito de Bonfim de Feira, a convite do pecuarista Godofredo Leite, e durante sete anos foi o regente da Filarmônica Minerva. Foi uma fase de grande produção de dobrados e outras composições, a maioria vendida para que ele pudesse se manter, diante das dificuldades surgidas por conta do romance entre ele e a rica e bela jovem Regina Bastos Carvalho.

Indesejado pela abastada família da jovem, o romance foi interrompido de forma brusca e autoritária, com Regina sendo enviada para morar em uma fazenda de cacau dos pais em Ilhéus. Mas, como se vê em filmes românticos, a jovem retornou a Bonfim de Feira seis meses depois e, em um belo cavalo, o casal fugiu para Santo Estevam, onde o casamento foi registrado em 1931, quando o músico tinha 24 anos. Estevam foi morar na vila de Afonso Pena, hoje município de Conceição do Almeida, onde regeu a filarmônica local.

Todavia, o passo mais importante de sua vida logo seria dado. Transferindo-se para Feira de Santana, Estevam Moura logo passou a ser regente da Filarmônica 25 de Março e professor de música do Colégio Santanópolis, que foi o primeiro estabelecimento de ensino particular do interior do estado e o mais importante. Também foi regente do Coral São Miguel da Igreja Matriz (hoje Catedral) e funcionário da Guarda Municipal.

Estevam e Regina tiveram dois filhos: Olga Maria Carvalho Moura e Ernani Carvalho Moura. Oriunda de família rica, a senhora Regina, dedicada esposa e mãe, para ajudar no orçamento doméstico, passou a fabricar doces que eram vendidos por garotos nas ruas da cidade. Reconhecido pelas qualidades de maestro e compositor, Estevam Moura ganhava pouco com a música, até mesmo na fabricação de instrumentos de sopro devido à escassez de matéria-prima durante a II Guerra Mundial.

Para sanar a dificuldade, ele utilizava palhetas de bambu envernizadas. Os dobrados: Alicio Cerqueira, Arnold Silva, Magnata, Constelação, Sonho Azul, Réveillon Irene Silva, Vida e Morte e O Final, este que ele escreveu já prevendo a morte, foram algumas das suas obras mais importantes. No dia 8 de maio de 1951, aos 43 anos de idade, Estevam Moura encerrou sua romanesca vida física, marcada pelas notas musicais que lhe deram fama, mas não compensaram financeiramente.

Por Zadir Marques Porto



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