Um sonho de criança, embalado pelo pai, sempre portando uma câmera fotográfica, levou o professor José Ângelo Pinto a mergulhar na natureza, inclusive no fundo do mar, para registros até mesmo inimagináveis. Ele já se dedica há mais de meio século à fotografia, estudando, fotografando, revelando, ampliando e restaurando. Hoje, com reconhecimento internacional, o seu sonho continua vivo, cada vez mais apurado.
Com essa visão filosófica, o feirense Ângelo Pinto (José Ângelo Pinto) dedica-se, há mais de meio século, à causa fotográfica. Aos 66 anos de vida, ele construiu um trabalho tão pertinente e operoso que resultou em prêmios e reconhecimento internacional. Sem pretensões exibitivas, ele reúne um profundo conhecimento do processo fotográfico, pela prática apurada e pelo conteúdo teórico que lhe conferem a indiscutível dimensão de professor. O fascínio por essa arte, que nasceu na infância, nunca o abandonou, sendo constantemente aperfeiçoado. Como se diz popularmente, é "coisa de cinema". E, de fato, a fotografia tem muito a ver com a sétima arte.
Filho de José Ferreira Pinto, um dos homens públicos mais respeitados de Feira de Santana, Ângelo foi acompanhado desde criança por seus pais, José Ferreira Pinto e a professora Bernadete Maria Rodrigues Leite Pinto, em passeios e viagens. Durante essas experiências, tudo era registrado pela câmera fotográfica do seu pai, Zé Pinto. Aos 13 anos, Ângelo começou a colocar em prática o que já sonhava: fotografar.
Como os verdadeiros sonhos não se dissipam, mas se concretizam, Ângelo adquiriu sua primeira câmera, uma Zenite fabricada na distante Rússia, na Casa Esportiva do comerciante Gerson Bullos. Com orientações do fotógrafo Elísio Azevedo, amigo da família, e estudos em revistas e livros especializados, ele construiu uma sólida base para sua caminhada, com importante participação no surgimento do Observatório Astronômico Antares.
Aos 15 anos, Ângelo transformou sua avó Abgail Alves e a irmã Rita de Cássia em modelos, que posavam incessantemente no quintal de sua casa. A memória desses momentos permanece viva. Com fascínio pelo fundo do mar, e sempre apoiado pela professora Elizabete, aos 17 anos, ele ganhou uma câmera fotográfica submarina Minolta, que o levou a registrar imagens subaquáticas valiosas durante seu curso de Ciências na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).
Durante mais de oito anos, no governo estadual de Antônio Carlos Magalhães e João Durval Carneiro, o tempo dedicado à fotografia diminuiu devido às suas responsabilidades profissionais e no magistério, mas, logo depois, ele retornou à arte com vigor. Em 1998, adquiriu sua primeira câmera digital, intensificando ainda mais seu trabalho fotográfico.
A fotografia documental passou a ser um dos pilares de sua carreira, sem deixar de lado outros aspectos da arte, como o retratismo e a restauração de imagens. Viagens pelo Brasil permitiram a Ângelo capturar registros marcantes da natureza, como a caatinga nordestina, os Lençóis Maranhenses e o casario de Minas Gerais.
Com um currículo expressivo, Ângelo Pinto participou de exposições nacionais e internacionais. Em 2008, expôs em Paris, com imagens da fauna da caatinga; em 2012, apresentou uma mostra em Salamanca, na Espanha, sobre cidades; e, em 2018, em Genebra, na Suíça, realizou uma exposição individual com 40 obras. Ele também fez registros para editoras de renome, como o álbum de luxo sobre o pintor feirense Raimundo Oliveira, e ainda trabalhou com o santamarense Pedro Ferreira, um dos mais importantes escultores baianos.
Além de seu trabalho fotográfico, Ângelo se destaca pela atuação na preservação da natureza. Seu olhar atento à fauna e flora de regiões ameaçadas pela ação predatória do homem gerou registros significativos, como o projeto sobre a ararinha azul, espécie em extinção. Ele também mantém uma exposição permanente no Casarão Froes da Mota e se dedica à restauração de fotos antigas, ajudando a preservar a memória de Feira de Santana e a reconectar muitas famílias com seus antepassados.
Como ele mesmo afirma de forma simples, mas profunda: "A fotografia é uma ferramenta de preservação da história!".
Por Zadir Marques Porto
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