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Jota Sobrinho fez dos cupins um importante parceiro nas artes plásticas

Primeiro, como qualquer outro cidadão, ele combatia o voraz cupim, mas veio o 'estalo' e Jota Sobrinho descobriu que o resultado da destrui...

22/01/2025 08h46
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Por: Redação Fonte: Prefeitura de Feira de Santana - BA

Primeiro, como qualquer outro cidadão, ele combatia o voraz cupim, mas veio o 'estalo' e Jota Sobrinho descobriu que o resultado da destruição provocada pelo inseto poderia ser uma importante matéria-prima para suas obras de arte. Hoje, pode-se dizer: são parceiros!

Minúsculo, praticamente invisível a olho nu, mas voraz e insaciável, ele é capaz de destruir até uma casa se não for combatido convenientemente em tempo hábil, o que, aliás, é muito difícil. E, em se tratando de obras de arte, principalmente telas expostas em paredes, ele é o campeão quando se fala em destruição. Esse terrível inseto é o cupim, uma espécie de formiga, também conhecida como formiga-branca, cuja vida se resume em atacar peças de madeira e transformá-las em pó!

E era assim a vida desse micro inimigo das molduras de arte até 2009, quando ele "se meteu" na casa de Jota Sobrinho (José Rodrigues Sobrinho), pernambucano de Santa Cruz do Capibaribe, professor, bioquímico, artista plástico, religioso e forrozeiro dos bons. Jota Sobrinho entendeu que era um desafio e, estrategicamente, observou que o ‘inimigo’, na sua rápida caminhada, ia deixando um pó fino com variação de tonalidades, de acordo com a cor da madeira devorada.

Pensou em fazer um forró falando daqueles ‘molequinhos’ destruidores, mas pensou melhor e lembrou a expressão "com quem ferro fere, com ferro será ferido". Cristão, não adepto de vingança, mudou a história transformando o cupim em um excelente aliado, ao mesmo tempo em que criava uma nova técnica nas artes plásticas, algo jamais pensado ou realizado anteriormente, portanto INÉDITA! O pó deixado pelo inseto, após sua ação sobre a madeira, passou a ser criteriosamente recolhido, mantendo a sua coloração diferenciada, e aplicado em processo similar ao óleo sobre tela, mas como colagem. Como dito, uma técnica inédita que surpreendeu e continua surpreendendo os mais diferentes artistas plásticos que conhecem seus trabalhos.

A partir daí, em vez de simplesmente enxotar ou destruir o cupim, Jota Sobrinho tem tirado proveito do perigoso adversário que lhe fornece matéria-prima para as suas obras de arte. Madona e a Santa Ceia foram obras reprisadas inicialmente pelo corajoso ‘cabra da peste’, que teve a coragem de enfrentar as formigas brancas e delas tirar proveito. Mas o elenco de obras tem sido sistematicamente ampliado, com foco em personagens como: Jesus Cristo, Irmã Dulce, Madre Teresa de Calcutá, Chico Xavier, Frei Damião, Allan Kardec, Gandhi, Senhor do Bonfim e São Francisco.

Em 2010, Sobrinho começou uma série de concorridas exposições, sempre marcadas pela curiosidade do público. No Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA), no campus da UEFS, em Santo Amaro da Purificação e no SESC, suas obras foram exibidas com sucesso. E, independente dessas e de outras mostras, ele tem várias telas hoje espalhadas pela Bahia, Pernambuco, São Paulo e Distrito Federal. Embora não se preocupe com a ordem cronológica, lembra que já se vão quase duas décadas de ‘parceria’ com os cupins.

J. Sobrinho observa que, nesse período, a produção da matéria-prima vem sendo reduzida. Bom por um lado, o que significa que os cupins têm trabalhado menos e causado menos prejuízos. Mas ruim, por outro lado, pela dificuldade de obter matéria-prima para a execução de suas obras. O pó do cupim também é usado pelo artista plástico na elaboração de belos tapetes que forram o piso da Avenida Senhor dos Passos na festa anual de Corpus Christi. Esse produto apresenta um resultado tão bom ou superior àqueles tradicionalmente utilizados na confecção desses tapetes, como arroz, pó de café, areia e pétalas de flores.

O ideal seria saber o que pensam os cupins, se é que eles pensam, sobre essa estranha e inimaginável parceria. Mas para o bioquímico pernambucano de coração feirense, o que ele não nega é que o importante é continuar trabalhando no seu ateliê e produzindo belos trabalhos para atender aos constantes pedidos. Já com o indiscutível título de ‘amigo dos cupins’, Jota Sobrinho não deve demorar em falar desses estranhos parceiros em um caprichado forró, como ele bem sabe fazer!

Por Zadir Marques Porto



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