CIA DE TEATRO NU ESCURO CHEGA A ALAGOINHAS COM A TRANSMISSÃO DOS ESPETÁCULOS “O CABRA QUE MATOU AS CABRAS” E “PLURAL” NESTA QUINTA (25) E SEXTA-FEIRA (26)
Nos dias 25 e 26 de novembro, o canal do Festival de Artes de Alagoinhas (FESTA) recebe os espetáculos de teatro da companhia goiana Nu Escuro, transmissões online seguidas de bate-papo ao vivo entre realizadoras e realizadores da companhia e convidados e convidadas locais, sempre iniciando às 19h.
Com 25 anos de estrada, a companhia goiana Nu Escuro chega a Alagoinhas de maneira virtual, transmitindo nos próximos dias 25 e 26 de novembro seu mais recente projeto, Dentro do Centro, uma experiência de circulação online de espetáculos teatrais. Em parceria com o Festival de Artes de Alagoinhas (FESTA), o projeto transmitirá os espetáculos “O Cabra que matou as Cabras” e “Plural”. As transmissões acontecem sempre às 19h e serão seguidas de bate-papos ao vivo com integrantes da Nu Escuro, que irão receber duas artistas alagoinhenses, a dramaturga Onisajé e a atriz Fabíola Nansurê, além do doutor em Artes Cênicas, Licko Turle.
O espetáculo “O Cabra que Matou as Cabras” traz um advogado vigarista, que sobrevive dando pequenos golpes em seus clientes, e se vê envolvido em um caso de assassinatos de cabras e bodes. Uma trama cheia de traições, trapaças e reviravoltas, na qual uma esposa maliciosa engana seu marido advogado, que engana um comerciante ganancioso, que engana seu empregado, que engana um juiz que quer enganar todo mundo.
Uma comédia visceral que lida com as relações de poder e hierarquia implícitas no cotidiano das pessoas e traz o riso como força reveladora e de libertação, um riso festivo que não forja dogmas nem é autoritário, mas que exorciza os nossos medos e a nossas angústias.
O texto do espetáculo é uma livre adaptação da peça medieval francesa A Farsa do Advogado Pathelin, de autor desconhecido, mesclado com textos de cordéis nordestinos, esquetes de picadeiro, fábulas medievais, ditos populares e vários elementos da cultura popular brasileira. Produzindo, assim, um texto original, inquieto e ágil, contendo bastante versatilidade e surpresas.
A encenação também busca essa pluralidade, trabalhando com diversas linguagens, como o teatro de bonecos, circo e músicas cantadas e tocadas ao vivo. Elementos que ajudam a construir um universo de encantamento regido somente pelas leis do teatro e do carnaval.
Os atores na construção dos personagens partiram de imagens de corpos em transformação, de uma metamorfose ainda incompleta, trabalhando com membros corporais atrofiados ou exagerados, produzindo imagens de corpos grotescos. Essa visão de corpo, além de toda estética da montagem, tenta negar a visão dos cânones modernos de um modo preestabelecido, ideal e acabado da vida cotidiana, do mundo.
Já o espetáculo “Plural” traz a trama de uma menina que, como tantas outras, tem o nome de Maria. Suas primeiras recordações remetem aos seus sete anos, onde se distraía brincando com uma boneca de milho no terreiro de sua casa enquanto sua avó cozinhava no fogão a lenha e lhe falava pela janela. A narrativa segue de memória em memória, do universo rural ao urbano, histórias vividas e sentidas, com seus encantos, medos, violências, coragens e humores. Estas lembranças partem de relatos de familiares dos próprios atores e atrizes do elenco gerando um diálogo entre o factual e a ficção.
Para Izabela Nascente o espetáculo trata da migração de pessoas que moravam no campo para a cidade, e todas as violências a que foram submetidas até se adaptarem à nova vida. “O intuito foi retratar as histórias das mulheres que participaram deste processo, salientando a importância na construção da capital do estado de Goiás e de outras cidades do Brasil e também denunciar, de forma poética e reflexiva, o silenciamento destas histórias”, destacou a diretora.
Com a criação deste espetáculo, a Nu Escuro aprofundou seu estudo em técnicas de construção e manipulação de formas animadas e linguagem videográfica, para falar de uma parcela de mulheres que migraram, principalmente, de Minas para Goiás e que vieram, ou com a promessa de melhoria de vida, ou pela conquista de um pedaço de chão para plantar e para colher. Um trabalho focado nos relatos sobre mulheres rurais que têm suas identidades forjadas em seu sangue o negro, o índio e o branco. Mulheres que pariram dezenas de filhos que hoje são sujeitos de constituição das cidades. Para esta montagem foram observadas as construções de relações de gênero, vivências, tradições, modos de existência precários, ilusão, esperança e oralidade.
Um novo jeito de fazer teatro
Desde o início da pandemia a Cia de Teatro Nu Escuro vem se aventurando no exercício de reinventar os processos de criação, montagem e circulação de espetáculos. “Acabamos de concluir uma jornada de criação e produção muito intensa com o nosso mais novo espetáculo, Barbas, que foi uma imersão nessa linguagem de websérie, e agora começamos esta nova experiência de circulação online”, comentou o produtor da Nu Escuro, Lázaro Tuim.
O projeto Dentro do Centro é uma realização através do Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás, que está levando uma programação gratuita com 13 transmissões de espetáculos, além de quatro oficinas. A circulação online começou em Presidente Prudente e já passou por Uberlândia (MG), Palmas (TO), Gurupi (TO), Campo Grande (MS) e Itajaí (PR). Após sua realização em Alagoinhas (BA), finalizará a circulação em Salvador (BA).
Sobre a Cia Nu Escuro
A Cia de Teatro Nu Escuro é um grupo de atores-encenadores que trabalha coletivamente, de forma horizontal, desde 1996, tendo montado 16 espetáculos e realizado inúmeras oficinas de formação profissional e de público em diversos estados brasileiros e também no exterior, consolidando-se como uma das principais companhias de teatro do Centro-Oeste.
O trabalho contínuo, a trajetória de pesquisas, os investimentos em novas linguagens e a cumplicidade com o público vem rendendo importantes frutos como a Caravana Funarte (2004); Prêmio Agepel de Teatro (2005 e 06); Destaque Cultural do Ano (2005) e Medalha de Mérito Cultural (2010) pelo Conselho Estadual de Cultura de Goiás; Procultura/ Ministério da Cultura (2010); Prêmio Funarte Myriam Muniz (2006, 10 e 11); Prêmio Artes Cênicas na Rua (2009, 11, 12 e 13); Palco Giratório/ Sesc (2015), patrocínio Petrobras entre os anos 2013 à 2016 e Prémio Juriti, pelo Conselho Municipal de Cultura de Goiânia (2019).
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