"Se acabarem as abelhas em 4 meses, o mundo passará fome".A frase do físico alemão Albert Einstein, que pode parecer excessivamente forte, na opinião do experiente apicultor feirense Ideval Martins, representa a pura verdade. Ele observa que, embora comercialmente a abelha seja valorizada pela produção de mel, própolis e cera, a maior importância desse pequeno e laborioso inseto está na sua atividade de polinização, que possibilita a reprodução de 70% das espécies vegetais existentes no planeta.
No Dia Nacional da Abelha, celebrado no último dia 3 de outubro, Ideval Martins ratificou o que disse o cientista alemão, naturalizado suíço e depois americano, ressaltando que o planeta depende das abelhas, o que confere aos apicultores muita responsabilidade. Desde criança na atividade, ajudando o pai José Martins, conhecido como “Zezé do Rato”, considerado o responsável pelo desenvolvimento da apicultura na Bahia, Ideval dedica-se profissionalmente à atividade desde 1978, quando se formou em Agronomia, especializando-se na área onde atua.
Nesses quase 50 anos na atividade, tem desenvolvido experiências interessantes, como a apicultura migratória, muito desgastante, atuando paralelamente no Ceará, Piauí e Bahia, mas fixando-se ultimamente na Fazenda Cristóvão, na região limítrofe dos municípios de Feira de Santana e São Gonçalo, onde mantém suas colmeias de abelhas “oropa”, que são resultantes do cruzamento de abelhas italianas com africanas. Essa miscigenação realizada há várias décadas fez surgir uma espécie que, embora mais agressiva que as nativas, é vigorosa, produtiva e livre de doenças.
O maior cuidado exigido no manejo dessa espécie é compensado pela produtividade, o que é importante do ponto de vista comercial, como observa Ideval. As abelhas nativas, a exemplo da uruçu, que é muito conhecida, também são importantes e precisam ser preservadas, mas significam pouco devido à baixa produção de mel. Como não têm ferrão, essas espécies são criadas quase diletantemente.
Ele revela que, no momento, com o início da primavera, a apicultura regional vive um período muito bom e a produção de mel tem ótimas perspectivas. O litro de mel está sendo vendido a R$ 60 no varejo, e o preço ao produtor gira em torno de R$ 22. Um litro corresponde a 13 kg.
Ideval destaca o papel do apicultor como uma espécie de guardião ou zelador da natureza, já que, para ter abelhas, é necessário contar com um ambiente propício. “Agora mesmo plantei 600 pés de sabiá, que é uma leguminosa muito utilizada para fazer estacas e boa também para as abelhas”. Além disso, a flora nativa conta com várias espécies que atraem as abelhas, como guabiraba, candeia, feijão-do-mato, jurema, jitirana, vassourinha-branca, cajueiro e mangueira, várias delas em tempo de floração.
A atividade na macrorregião de Feira de Santana deve contar com algumas centenas de pequenos apicultores, mas, na inexistência de uma cooperativa ou entidade de classe, Ideval Martins cumpre uma missão fundamental, adquirindo a produção, mas também realizando cursos, disponibilizando equipamentos e, ao mesmo tempo, propiciando orientação aos criadores que escoam a produção através do Apiário Favo de Ouro, detentor do selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF), emitido pelo Ministério da Agricultura.
O selo do SIF, que garante a qualidade do produto, é fruto de um processo trabalhoso e, para o consumidor, é fundamental. Um produto com o SIF é recebido com confiança no mercado nacional, como acontece com os produtos do Apiário Favo de Mel, ressalta o experiente apicultor.
Por: Zadir Marques Porto
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