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Jornalista e advogado, Franklin Maxado deixou tudo pelo cordel

Jornalista, advogado, militar reformado, dono de terras. Nada disso ele levou em conta quando associou os sonhos à realidade e, como um ilusionista...

04/11/2024 08h35
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Por: Redação Fonte: Prefeitura de Feira de Santana - BA

Jornalista, advogado, militar reformado, dono de terras. Nada disso ele levou em conta quando associou os sonhos à realidade e, como um ilusionista que tira um coelho da cartola, danou-se a fazer versos, aos montes, e cravou seu nome entre os grandes cordelistas do Brasil e o maior da Bahia, com um gigantesco X. Assim, deixou de ser Franklin Machado para ser um MaXado afiado que já não pode viver sem o X das suas poesias, dos seus cordéis, das suas prosas, cheias de fantasias, alegrias e verdades.

Feirense de origem e de coração, filho do dentista Isaack Barreiro Machado e da professora Anita Vitória Barreiro, Franklin Machado, se já não fez tudo na vida, já fez um bocado! Um bocado mesmo. Andou no teatro escrevendo e dirigindo peças, além de subir ao palco como ator e produzir músicas temáticas. Foi jornalista do Diário de Notícias, serviu ao Exército e foi protagonista de um casamento de ritual incomum, que atraiu atenções – antes de abdicar de tudo e resolver escrever e vender livros de cordel nas feiras e nas ruas da Grande São Paulo, absolutamente despido de vaidade, mas orgulhoso de levar ao povo essa arte que muitos admiram, mas poucos conseguem fazer.

Mas não ficou só nisso. É autor de belos poemas e crônicas, além de alguns livros, dentre os quais "O Que é a Literatura de Cordel", que garante ao leitor uma visão perfeita sobre esse estilo poético. Com seu “rojão” nordestino, que não se assombra com desafios, já trocou as ruas pelas salas de universidades e vice-versa, para mostrar sua rima afiada falando do cangaço, de Lucas da Feira, do futebol, da política, do lobisomem. Aliás, de tudo, e um pouquinho mais. E assim já transitou pela Europa, guarnecido pelas asas da literatura de cordel, fazendo sucesso entre nossos irmãos lusos em Portugal.

Homem “dos sete instrumentos”, como se diz popularmente, MaXado teve participação marcante no Festival de Música que era promovido anualmente pela Prefeitura e, em um deles, para enfatizar mais o que interpretava, apresentou-se despido em público. Em Salvador, no Concurso de Poesia Falada na Câmara de Vereadores, arrancou aplausos pela sua qualidade de declamador, mas trajando apenas uma minúscula sunga! Autor de centenas de livros de cordel, Franklin também é competente na xilogravura, uma arte que está intimamente ligada à poesia popular, com seus contornos e recortes internos rústicos e expressivos, geralmente ilustrando a capa dos livros de cordel.

Inteligente, contestador sem rodeios e defensor intransigente da literatura de cordel, em 1980 ele pediu ao feirense Eduardo Portela, então Ministro da Educação, o reconhecimento da literatura de cordel como Patrimônio Cultural e Imaterial do Brasil, o que veio a acontecer posteriormente. Em outra oportunidade, ao lado do intelectual português Antônio Abreu Freire, Franklin pediu para a UNESCO declarar a literatura de cordel Patrimônio Imaterial da Humanidade.

No livro "Palavras à Toa", com prosa e poesia, é notável o poema “O Jacuípe da Minha Infância”, uma verdadeira viagem ao passado, que não é apenas dele, pelo encanto especial que proporciona a quem lê. Todavia, uma das mais interessantes e curiosas ideias do feirense Franklin Machado foi sugerir mudanças na Bandeira Nacional, a partir da inclusão da cor vermelha “para ser coerente com a tradição das bandeiras anteriores e por vários outros argumentos”. Ele relaciona 10 itens, ou argumentos, a partir do que: “O nome Brasil vem do pau de onde se tira uma tinta rubra, muito usada pelos franceses antes da colonização oficial do território pelos lusitanos”. Nos demais itens, ele continua citando o vermelho como necessário, até mesmo para representar no Pavilhão os indígenas, primeiros habitantes do Brasil, designados como “raça vermelha”.

Franklin Machado foi um dos fundadores da TV Educativa da Bahia em 1987, diretor da Casa do Sertão da Universidade Estadual de Feira de Santana e do Museu Regional de Arte. Como Dom Quixote, na luta contra os moinhos de vento, ele luta, incansavelmente, contra a ciclônica falta de leitura do brasileiro, produzindo e divulgando mais e mais a literatura de cordel.

Por Zadir Marques Porto



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